Que o Brasil é um país de cultura machista todo mundo já sabe. O sentimento de posse e controle do homem para a mulher é visto em diversos ângulos da sociedade desde a roupa que aguça a libido masculina até o impedimento de ir e vir. É possível encontrar na literatura posturas altamente dominadoras colocando a mulher como um objeto submisso. No século IV a.C filósofos teorizam a mulher como inferior ao homem. Aristóteles afirmava que o dever da mulher era apenas procriar. São Tomás de Aquino, séculos depois, foi mais longe defendendo que a mulher é um homem incompleto. Com isso, percebe-se que a violência contra mulher é fruto de um reflexo histórico e cultural, apresentando-se de várias formas entre elas: Humilhar, xingar e diminuir a autoestima; Tirar a liberdade de crença; Controlar e oprimir a mulher; Expor a vida íntima; Atirar objetos, sacudir e apertar os braços; Forçar atos sexuais desconfortáveis; Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar; Controlar o dinheiro ou reter documentos; Quebrar objetos da mulher.
O comportamento obsessivo do homem sobre a mulher, como querer controlar o que ela faz não deixá-la sair, isolar sua família e amigos podem indicar um ponto de atenção para possíveis sinais de violência. Nem toda violência é o espancamento. São considerados também como abuso físico a tentativa de arremessar objetos, com a intenção de machucar, sacudir e segurar com força uma mulher. Educar um filho sem uma cultura machista pode contribuir para o respeito à individualidade da mulher, pois o sentimento de posse provoca os primeiros sinais de violência. Afinal, segundo defendia Immanuel Kant, o indivíduo é aquilo que a educação faz dele. Segundo pesquisa divulgada pelo Data Folha no Dia Internacional das Mulheres, uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano. Só de agressões físicas, o número é alarmante: 503 mulheres brasileiras são vítimas a cada hora. O levantamento mostrou que 22% das brasileiras sofreram ofensa verbal no ano passado, um total de 12 milhões de mulheres. Além disso, 10% das mulheres sofreram ameaça de violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% receberam ameaça com faca ou arma de fogo. E ainda: 3% ou 1,4 milhões de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro.
A pesquisa mostrou que, entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram. Apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e 13% preferiram o auxílio da família. E o agressor, na maior parte das vezes, é um conhecido (61% dos casos). Em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas e em 16% eram ex-companheiros. As agressões mais graves ocorreram dentro da casa das vítimas, em 43% dos casos, ante 39% nas ruas. A Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social desenvolve um trabalho específico de acompanhamento e acolhimento para mulheres vítimas de violência através do NAM (Núcleo de Apoio à Mulher). O atendimento é de segunda á sexta feira das 08 ás 16h. O NAM oferece orientação psicológica, jurídica e assistência social. Somente no primeiro semestre foram realizados 928 atendimentos. O órgão funciona na Rua 31 de Março no Bairro do Santo Antônio. Mais informações podem ser obtidas através dos telefones 36012376 / 36013739